Museu Municipal da Ribeira Grande | Peça do Mês
A carroça é um elemento identificativo dos trabalhos agrícolas e está intrinsecamente ligada às tradições açorianas. É um meio de transporte, todavia nos Açores foi instrumento essencial no desenvolvimento dos mais diversos trabalhos.
Com a “necessidade” de se ser mais rápido e com o progresso dos tempos, a carroça viu a sua utilidade a desaparecer lentamente. Um dos principais motivos para o “desuso” deste instrumento foi o aparecimento do trator e a falta de segeiros, mestres capazes de construírem as carroças.
Existem vários tipos de carroça, sendo distinguidas não apenas pela sua construção, mas também pelo trabalho a que se destinavam e/ou animal de tração. De uma forma geral, as carroças eram classificadas em duas categorias: carroças de meias e carroças de molas.
Tal como mencionado anteriormente, segeiro é o nome dado ao profissional que constrói e conserta carroças. Estes profissionais existiam em quase todas as freguesias, sendo mais frequentes nas zonas industriais. Em Rabo de Peixe, os segeiros faziam todo o tipo de carroças, conforme as encomendas, destacando-se as carroças para os vendilhões de hortaliça. Apesar de diferentes, a base de construção era muito semelhante.
Também os ferreiros estavam associados a estes profissionais, quer para ferrarem os animais, como também para ferrarem as rodas da carroça, forjarem outras peças ou até mesmo aplicarem um eixo de ferro.
Esta é uma profissão que se pode considerar extinta, existindo muito poucos segeiros pela ilha de São Miguel que, além de desempenharem esta função, dedicam-se à carpintaria, pois só a construção de carroças não é autossuficiente.
A peça aqui exposta, exímio trabalho de um segeiro, denominada de cubo da roda, faz parte da coleção “Artes e ofícios de trabalhar a madeira” do Museu Municipal da Ribeira Grande. Tinha como utilidade fazer rodar as rodas da carroça estando assim ligada ao eixo central e era neste que assentavam os raios que ligavam por sua vez ao aro construído em ferro.